sexta-feira, 7 de março de 2014

O "falar mal" dos cidadãos



Defendo uma sociedade construída com base na cidadania participativa, onde os cidadãos têm um papel preponderante no desenvolvimento das suas terras dos seus lugares. Só com a intervenção dos cidadãos, acredito numa sociedade mais justa e participativa, mais adequada e forte. Por acreditar e defender este “poder cidadão”, tenho trabalhado nesse sentido, mantendo um papel activo e interventivo nas Caldas da Rainha, em prol de um concelho mais e melhor, onde a qualidade de vida seja um dado adquirido e onde os cidadãos possam participar nas decisões políticas locais. Graças a este papel de cidadão vou intervindo no âmbito da promoção da saúde, área e premissa a quem devo muito ou não fosse a minha profissão uma das que mais responsabilidade tem nesta área. Mas não posso ficar indiferente ao que se passa no concelho, o que implica assinalar o que considero mal, o que pode ser melhorado. Para muitos não passa de falar mal, de maldizer, principalmente para os culpados dos problemas que vão surgindo, porém considero um conceito relativo, este do maldizer, uma vez que é sempre ambíguo. Contudo, para mim, sinalizar os problemas do concelho é desempenhar o meu papel de cidadão. Quem se compadece e pactua com os erros sucessivos ou com uma má gestão, não é decerto um cidadão, será quanto muito um provedor do seu umbigo e dos seus interesses. Um cidadão tem responsabilidades muito para além da sua existência. Por isso orgulho-me na postura que mantenho perante os problemas, sabendo que esta postura pode melhor a qualidade de vida dos caldenses.
Exemplo disto tudo foi a minha última intervenção na Assembleia Municipal de 11/02 onde alertei os membros da assembleia e o Sr. Presidente Tinta Ferreira para o estado em que estavam as ruas da cidade, todas degradadas, cheias de buracos, com as passadeiras apagadas e pouco visíveis e faltando nalgumas artérias da cidade, os espelhos, responsáveis pela visibilidade dos condutores. Tal intervenção foi comentada por parte do Sr. Presidente com argumentos bacocos tais como as empresas de construção têm tido dificuldades, as obras de regeneração estão em curso, os serviços municipalizados andam ocupados noutras zonas do concelho e a cereja no topo do bolo: tem chovido e com chuva não se podem tapar buracos nem pintar passadeiras. Argumentos à parte, eu não fui pedir para asfaltar todas as ruas da cidade, mas simplesmente tapar os buracos, remediando os problemas para minimizar possíveis danos que podem ocorrer nas viaturas ou até o aumento da sinistralidade. Certo é que depois dos argumentos a justificar a falta de dinâmica, dois dias depois começaram a ser tapados os buracos nas ruas (apesar de continuar a chover) e colocados espelhos que estavam danificados. A humildade fica sempre bem e assumir que realmente existia essa necessidade de manutenção das vias não fazia mal a ninguém, ao invés de se arranjar argumentos sem nexo para desculpar o que não é desculpável. Não me esqueço que falta pintar as passadeiras…
Qual a conclusão a que chegamos? Que os cidadãos têm um papel activo no futuro do concelho e é da sua intervenção que surgem melhorias significativas na qualidade de vida de todos os caldenses. Porque não basta estar sentado no café a “gerir” as decisões políticas, basta sim intervir nos locais correctos para termos respostas concretas. Se para alguns só sei falar mal, para mim apenas estou a fazer o meu papel, o papel de cidadão!

In Jornal das Caldas 05/03/2014

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