Artigo publicado no Jornal das Caldas - 12/04/2017
A Hepatite A tem sido tema na comunicação social, pela
existência de um surto da doença em Portugal. Importa saber como se transmite,
não só para prevenir a infecção como para desmistificar alguns factos que a
comunicação social não soube esclarecer, levando a opinião pública a associar a
Hepatite A a determinados grupos de risco, o que é errado. Mais que grupos de
risco, qualquer doença deve ser associada a comportamentos de risco e esses sim
devem ser evitados por forma a prevenir a sua transmissão.
O vírus da
Hepatite A (VHA) entra no organismo através do aparelho digestivo e
multiplica-se no fígado, causando neste órgão a inflamação denominada hepatite
A. Esta doença cura-se rapidamente na maioria dos casos (ao fim de cerca de
três semanas) sem necessitar de internamento hospitalar ou de um tratamento específico
e sem deixar vestígios. Após a cura, o vírus desaparece e surgem anticorpos
protectores que impedem uma nova infecção, por isso, não existem portadores
crónicos.
Náuseas,
febre, falta de apetite, fadiga, diarreia e icterícia são os sintomas mais
comuns que, consoante a reacção do organismo, podem manifestar-se durante um
mês. De início, a doença pode ser confundida com uma gripe, uma vez que esta
também provoca febre alta, dores musculares e articulares, dores de cabeça e
inflamação dos olhos mas, as dúvidas desfazem-se quando a pele e os olhos ficam
amarelados, sinal de icterícia.
O VHA
transmite-se, geralmente, através da ingestão de alimentos ou de água
contaminados por matérias fecais contendo o vírus. Também a transmissão por via
sexual pode ocorrer e parece ser esta a via de transmissão que está na origem
do surto de Hepatite A em Portugal. Tal deve-se a comportamentos de risco como
o não uso do preservativo numa relação sexual anal, ficando o indivíduo exposto
à matéria fecal do parceiro e consequentemente a sua infecção.
A prevenção
em termos individuais, passa por manter hábitos de higiene elementares e, em
termos colectivos, a continuação da aposta na melhoria das condições sanitárias
e na educação. O contacto com pessoas infectadas é também um factor de risco,
sendo necessário redobrar os cuidados durante o período infeccioso e lavar a
louça a altas temperaturas, não utilizar a mesma sanita, não partilhar a mesma
cama e ponderar os contactos sexuais, evitando o sexo oro-anal e usando
preservativo no caso da penetração anal.
A vacina contra
a hepatite A é obtida a partir do vírus inactivo, é bastante eficaz e não tem
quaisquer contra-indicações. Só pode ser administrada mediante prescrição
médica e principalmente a pessoas que vão viajar para países pouco
desenvolvidos.
A DGS está a acompanhar
a evolução deste surto e importa reforçar a adopção de medidas de protecção
individual evitando ao máximo os comportamentos de risco. Visto a via de
transmissão neste surto ser a via sexual, o uso do preservativo é obrigatório
na prática sexual em especial no sexo anal. Lembre-se que mais vale prevenir e
para prevenir é preciso conhecer!
Enf. Miguel Miguel
Para sugestão de temas / esclarecimentos:
miggim@sapo.pt
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