sábado, 8 de março de 2014

O dia da Mulher...

 
 
Sempre fui contra os dias temáticos, não pelo que simbolizam, mas porque tendemos a concentrar tudo aquilo que devíamos relembrar todos os dias do ano, num único dia, com toda a carga comercial associada, transformando-se não num dia com o seu real sentido, mas num dia distorcido da realidade.
 O dia da Mulher não é excepção. Porque razão têm que as mulheres ter um dia no ano? Será que a sua importância não vale 365 dias do ano? Será que a maioria de nós sabemos que o dia 8 de Março, remonta a 1857 quando as operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque, fizeram uma grande greve? Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como, redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Só em 1910, na Dinamarca, numa conferência ficou decidido que o dia 8 de Março seria o "Dia Internacional da Mulher, em homenagem à centena de mulheres que morreu na fábrica em 1857, mas só em 1975, por decreto da ONU, a data foi oficializada...
Quantos de nós sabemos a que se deve este dia? Enfim, mas se em 1857, aquelas mulheres ousaram reivindicar mais direitos, ainda hoje, alguns direitos fundamentais são negligenciados perante as mulheres, embora hoje, nada se compare ao século passado no nosso país.
Mas a meu ver, a existência de um dia da Mulher, no calendário, apenas inferioriza mais a Mulher. O respeito, a dignidade, os direitos são ao longo de 365 dias do ano. Ainda hoje, na nossa sociedade actual, a subserviência perante o homem é uma realidade, mais frequente no interior do país. Embora a emancipação feminina tenha travado lutas, ainda existe a necessidade de mostrar que as mulheres não são seres menores ou inferiores perante os homens, mas sim iguais em direitos, deveres.
Quem me conhece sabe perfeitamente o valor que dou a uma mulher! Sempre acreditei  e defendi as mulheres! Para governar, para orientar, para gerir, para cuidar ninguém faz como elas. Assertivas, ponderadas, são o equilíbrio que precisamos. Pena que ainda hoje, na nossa política, as mulheres ainda sejam vistas como incapazes, num mundo potencialmente masculino.
Muito ainda há para fazer! Nalgumas zonas do globo as mulheres são escravas de si mesmas, cobertas da cabeça aos pés, noutras zonas, são mortas à nascença, preferindo-se os homens. Portugal felizmente tem sabido dar a volta e se no século passado, as mulheres nem sequer podiam votar, hoje podem ocupar cargos de destaque e isso agrada-me muito. Mas apesar de pensarmos que tudo está bem, ainda há muito por fazer no nosso país. Violência doméstica, mortes são casos habituais na nossa Imprensa!
Por isso como disse, e não concordando com este dia, por considerar que tal como o Natal são 365 dias (e não quando um homem quer), haja respeito pelas mulheres, tal como pelos homens, porque ambos são detentores de direitos, deveres e oportunidades. E por muito que se diga que há diferenças entre um homem e uma mulher, excluindo a nível morfológico, não considero nada mais, porque quando começamos a enumerar diferenças, jamais praticaremos a igualdade!
Viva a Humanidade!

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