segunda-feira, 28 de outubro de 2013

(Ind)ependente?

Rui Barreto foi suspenso do CDS por ter votado contra o OE! Nada de novo e até normal para mim. Não me estranha que uma pessoa que seja militante de um partido, que aceite e se reveja nos seus estatutos, vote contra uma decisão importante para a governação, como é o OE! Contudo as pessoas têm consciência, têm valores, têm concepções daquilo que defendem e nem sempre estas podem estar de acordo com aquilo que o partido defende. Conflito de papéis, poder-se-ia considerar e aí surge o voto contra de Rui Barreto. Mas esta introdução toda serve para questionar a "independência" dentro dos partidos! Ultimamente nas eleições têm surgido os candidatos independentes, apoiados pelos partidos. Por uma lado uma forma fácil de alguém se candidatar pela máquina montada que existe, sem necessidade de assinaturas para viabilizar uma candidatura, ou as contingências financeiras, necessidade que inclusive os partidos impõem aos grupos de cidadãos. Mas por outro lado, se os partidos por vezes não lidam bem com os seus militantes, nesta coisa da "disciplina de voto", como lidam com os independentes nas suas listas? Lidam bem, porque deixam de ser independentes e é como se passassem a ser militantes, deixando de lado opções e ideias, obrigando a convicções e ideologias.
Para mim, esta "abertura" dos partidos a candidatos "independentes" passa por ser uma estratégia de mostrar que os partidos afinal não estão fechados e querem interagir com os cidadãos, não obrigando a uma militância "física", mas a uma cedência limitada do seu espaço, em troca de uma boa posição no panorama político.
As máquinas partidárias criadas, concluíram que os cidadãos deixaram de se rever nas suas estruturas. Os cidadãos criam alternativas de participação política, com verdadeira independência e os partidos por não poderem impedir, criam obstáculos, que por vezes pela fraqueza dos cidadãos/candidaturas, deitam por terra a intenção de se constituírem uma alternativa.
Esta "abertura" aos cidadãos permitindo os candidatos configurarem nas suas listas como independentes nada mais é do que uma manobra de distração, uma falsa abertura, rapidamente transformada numa disciplina que apazigua qualquer intenção de verdadeira independência. Os candidatos por outro lado aceitam esta "dádiva", refugiados num "ind." que finge não vincular ao partido e por outro lado a escada fácil para uma posição que se calhar sempre ambicionou ocupar. A retribuição para o partido consiste no troco de mais uns votos (ou não), por ter na sua lista digna personalidade.
O exemplo de Rui Barreto no CDS poderia ser transposto para qualquer outro partido e quando um partido não consegue lidar com a consciência de um militante que não concordando com o proposto vota contra, mais facilmente se conclui que lidar com um verdadeiro independente, não lida, transforma-o!
 
 

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