quarta-feira, 2 de outubro de 2013

A diferença dos outros...

Sabemos que existem pessoas diferentes da maioria. Sabemos que existem alterações cognitivas, da mobilidade, físicas, que condicionam quem as padece. Todos nós sabemos isso certo? Ainda bem. E que fazemos? Nada, eu sou "normal", o problema não é meu! Até na presença da diferença já faço o papelão do ter "pena", coitadinho, deve ser tão triste ser assim... Mas a vida continua!
Sim, fico triste e com pena, mas não é da diferença dos outros, mas do modo como se encara a diferença! Vivemos numa sociedade "avançada", dizem, onde a legislação "obriga" ao respeito pelo outro, onde as/os cidadãs/ãos portadores de deficiência têm tantos ou mais direitos, mas na realidade não passa de uma utopia.
Não é difícil encontrarmos testemunhos de casos verdadeiramente insólitos, tanta coisa mal feita, ou feita a pensar nas/nos cidadãs/ãos "normais", esquecendo que a nossa sociedade tem diferenças, diferenças que têm obrigação de ser igualdade.
Lutar por uma sociedade inclusiva é uma batalha travada diariamente. Custa, os ganhos obtidos são poucos, mas a mudança de uma consciência é uma vitória ganha em duas!
Ao escolher a minha especialidade, Enfermagem em Reabilitação, ganhei um papel determinante. A minha preocupação enquanto cidadão, adquiriu competências para lutar contra a diferença, diferença por motivo natural, acidente ou patologia, leva a incapacidade física ou motora. Fiquei ainda mais desperto e observador do que não está bem, ou poderia estar melhor. E ganhei mais força para lutar pela igualdade de direitos.
Nas andanças políticas de que muito me orgulho cruzei-me com quem também luta contra esta discriminação enraizada na sociedade. Uma luta diária que só sabe quem sente e tenta explicar o autismo a quem teima não querer perceber!
E concluí que não basta querer fazer, é preciso que queiram que se faça e mesmo voluntariamente não se permite. Paradoxal não é? Não! Curioso!
Volto ao início: sabemos que existem alterações cognitivas, da mobilidade, físicas, que condicionam quem as padece! Falso! Se as/os cidadãs/ãos portadores de deficiência se sentem condicionados, é porque no ambiente onde estão inseridos, não existe adequação, não existe inclusão, não existe o direito de ter direito a participar ativamente na sociedade. E sentir-se preso na liberdade da nossa sociedade é algo incompreensível.
Luto diariamente para mudarmos de paradigma. Por vezes não mudando aspectos físicos, sorriu quando mudo "aspectos mentais" de alguém. Sensibilizar e sensibilizar e nunca parar. Fazer mais, sempre!
 
 

4 comentários:

  1. ahahah!
    Grande inspiração Miguel, acho que não querendo ser usurpadora, mas foi um pouquinho inspirado em nós :)
    É verdade, não basta querer e ter boa vontade, mesmo sendo voluntariado, não ser uma bem aceite, é uma coisa que eu lamento, na cidade que escolhemos com coração.
    A educação e inter-acção reconhecimento do outro como sendo diferente, mas com reais capacidades, é uma vertente que me ocupa , cheguei a usar a expressão " rachar cabeças", no sentido de abrir as mentalidades, essas mentalidades tanhas que assim preferem continuar, mas o mais grave é não permitirem que a informação e conhecimento chegue aos outros.
    As politicas supostamente, seriam para servir as populações e não o ego dos políticos, infelizmente assim não é, por orgulho e ignorância dos próprios.
    Sensibilizar, é o que faço à muitos anos, mas só se sensibiliza, quem está predisposto a aceitar os outros da forma como são, e não olha-los como coitadinhos, que o não são.
    Fazer ,mais sempre, mesmo que nos coloquem travões, para frente é que caminho, e teremos uma sociedade verdadeiramente inclusiva, quando se acabarem os cargos do todos "poderosos". Uma sociedade, só é justa, quando trata os seus diferentes de forma igual.
    beijinhos

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    1. Claro Mina, a minha vontade e a tua determinação. É claro que és fonte de inspiração, é claro que lutas diariamente e só tens contribuído ainda mais para eu não baixar os braços! Obrigado Mina!

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    2. Obrigada Miguel
      isto vai, vais ver, mais quatro anos e vamos ter uma cidade inclusiva ;)

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    3. Baixar os braços nunca! Incluir sempre ;)

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