Não gosto de considerar classes sociais de pessoas,
como se isso fosse factor de distinção, mas não resisto a brincar com o
trocadilho, de chamar Caldas da Rainha, neste momento, Caldas da Plebeia. E
desenganem-se os mais críticos se pensam que estou a chamar plebeia a distinta
Rainha que outrora viu nestas terras a prosperidade e a ambição de erguer aqui
o primeiro Hospital Termal do mundo, ou mais gravoso ainda, dizer que os
caldenses são da ralé! Não por favor! Confusões possíveis à parte, passemos aos
esclarecimentos… O trocadilho utilizado, considerando hoje Caldas não da
Rainha, mas da Plebeia, prende-se com o facto do estado a que chegou a nossa
cidade!
Ao passearmos pelas ruas da cidade somos
“esbofeteados” sem dó nem piedade por grafitis (?), quais hieróglifos de tempos
idos, ofensa pura se comparo a tão digna escrita egípcia. As paredes definham
por um solidário pincel de tinta que lhes cicatrize as brechas do vandalismo
moderno que minoritários jovens consideram um “batido” de arte, irreverência,
protesto e quiçá emancipação!
Mas não é só as
“bofetadas” que o transeunte padece. Convém olhar para o chão, pois nunca se
sabe o que pode ficar agarrado ao seu pé! “Cocozinhos” do bicharoco que da rua
faz a sanita! Culpado animalzinho, nem pensar! Isso nunca! O reinado da
altivez, aliado às posturas corporais incomodativas e a falta de um mero saco
de plástico, contribuem para não vergar a coluna e apanhar tão incomodativo
dejecto, que os pés de alguém mais distraído irão cilindrar!
Mas e já alguém
aqui disse que passear nesta terra é fácil? Até agora não e não direi até ao
fim de tão básico amontoado de letras. Porque desengane-se quem acha que as
obras de “renegação” urbana estão aí para melhorar! Vão melhorar um dia
certamente! Lá para finais de 2014 será? É melhor não tomar como garantido que
nestas coisas dos projectos, o bom português já sabe que falta a derrapagem e
os atrasos “naturais” de tamanha intervenção. Mas temos uma cidade toda (des)
intervencionada, em nome de uma modernidade que se quer, mas que incomoda
atingi-la. Ruas destruídas, ruas construídas, buracos aqui, máquinas ali,
gravilha acolá, pedras… Fazer o percurso Câmara Municipal, Estação (fantasma),
por estas alturas é uma verdadeira aventura, mas em breve teremos um fosso em
frente à Câmara, o esventramento da Praça da Fruta, Rua da Estação, principal
carreirinho de um formigueiro sem trânsito, ufa, estou cansado. Ah e esquecia-me,
concluir o que já parece semi-concluído, justificado pelas deslocações de quem
vem dar os retoques finais! Se vêm cá, pois que venham para terminar tudo que
vir uma vez trazer um banco e amanhã trazer uma papeleira não lembra a ninguém.
Por isso cuidado, ao circular na cidade… de carro vai entrar numa rua que não
se sabe o que acontecerá, a pé, atenção redobrada, que as pedras, os buracos e
tudo o que se puder encontrar podem oferecer uma visita guiada ao CHO, Unidade
de Caldas da Rainha, modernices dos apertos financeiros. Mas descanse, vai ter
tempo para isso, quando fizer a inscrição...
Oh
Rainha Dona Leonor, o que fizeram nesta terra de lamas e águas mal cheirosas
que a senhora viu próspera? Prosperidade por agora só a da vergonha! Mas a
esperança é a última a morrer, dizem as sabedorias populares e com novas
dinâmicas em curso, herdeiras do legado do Senhor “Águas Baratuchas”, baratas e barrentas por cá, esperemos que a Plebeia
fique um pouco mais retocada. Retoques com uma tinta que ficou na lata, onde
foi adicionada um pouco de água, para o tempo não secar e que agora, com o
alicate das últimas eleições, reabre-se a lata para continuar a pintar esta
bela cidade! E meus amigos, precisa mesmo de várias demãos! Será que a tinta é
boa e chega para uma parede em tão mau estado?
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