domingo, 10 de novembro de 2013

Caldas da Plebeia...

Artigo escrito por mim, publicado no Jornal das Caldas!


Não gosto de considerar classes sociais de pessoas, como se isso fosse factor de distinção, mas não resisto a brincar com o trocadilho, de chamar Caldas da Rainha, neste momento, Caldas da Plebeia. E desenganem-se os mais críticos se pensam que estou a chamar plebeia a distinta Rainha que outrora viu nestas terras a prosperidade e a ambição de erguer aqui o primeiro Hospital Termal do mundo, ou mais gravoso ainda, dizer que os caldenses são da ralé! Não por favor! Confusões possíveis à parte, passemos aos esclarecimentos… O trocadilho utilizado, considerando hoje Caldas não da Rainha, mas da Plebeia, prende-se com o facto do estado a que chegou a nossa cidade!
Ao passearmos pelas ruas da cidade somos “esbofeteados” sem dó nem piedade por grafitis (?), quais hieróglifos de tempos idos, ofensa pura se comparo a tão digna escrita egípcia. As paredes definham por um solidário pincel de tinta que lhes cicatrize as brechas do vandalismo moderno que minoritários jovens consideram um “batido” de arte, irreverência, protesto e quiçá emancipação!
Mas não é só as “bofetadas” que o transeunte padece. Convém olhar para o chão, pois nunca se sabe o que pode ficar agarrado ao seu pé! “Cocozinhos” do bicharoco que da rua faz a sanita! Culpado animalzinho, nem pensar! Isso nunca! O reinado da altivez, aliado às posturas corporais incomodativas e a falta de um mero saco de plástico, contribuem para não vergar a coluna e apanhar tão incomodativo dejecto, que os pés de alguém mais distraído irão cilindrar!
Mas e já alguém aqui disse que passear nesta terra é fácil? Até agora não e não direi até ao fim de tão básico amontoado de letras. Porque desengane-se quem acha que as obras de “renegação” urbana estão aí para melhorar! Vão melhorar um dia certamente! Lá para finais de 2014 será? É melhor não tomar como garantido que nestas coisas dos projectos, o bom português já sabe que falta a derrapagem e os atrasos “naturais” de tamanha intervenção. Mas temos uma cidade toda (des) intervencionada, em nome de uma modernidade que se quer, mas que incomoda atingi-la. Ruas destruídas, ruas construídas, buracos aqui, máquinas ali, gravilha acolá, pedras… Fazer o percurso Câmara Municipal, Estação (fantasma), por estas alturas é uma verdadeira aventura, mas em breve teremos um fosso em frente à Câmara, o esventramento da Praça da Fruta, Rua da Estação, principal carreirinho de um formigueiro sem trânsito, ufa, estou cansado. Ah e esquecia-me, concluir o que já parece semi-concluído, justificado pelas deslocações de quem vem dar os retoques finais! Se vêm cá, pois que venham para terminar tudo que vir uma vez trazer um banco e amanhã trazer uma papeleira não lembra a ninguém. Por isso cuidado, ao circular na cidade… de carro vai entrar numa rua que não se sabe o que acontecerá, a pé, atenção redobrada, que as pedras, os buracos e tudo o que se puder encontrar podem oferecer uma visita guiada ao CHO, Unidade de Caldas da Rainha, modernices dos apertos financeiros. Mas descanse, vai ter tempo para isso, quando fizer a inscrição...
Oh Rainha Dona Leonor, o que fizeram nesta terra de lamas e águas mal cheirosas que a senhora viu próspera? Prosperidade por agora só a da vergonha! Mas a esperança é a última a morrer, dizem as sabedorias populares e com novas dinâmicas em curso, herdeiras do legado do Senhor “Águas Baratuchas”, baratas  e barrentas por cá, esperemos que a Plebeia fique um pouco mais retocada. Retoques com uma tinta que ficou na lata, onde foi adicionada um pouco de água, para o tempo não secar e que agora, com o alicate das últimas eleições, reabre-se a lata para continuar a pintar esta bela cidade! E meus amigos, precisa mesmo de várias demãos! Será que a tinta é boa e chega para uma parede em tão mau estado?

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