domingo, 15 de dezembro de 2013

Deficientes, só os acessos!

 
No passado dia 3 de Dezembro, comemorou-se o Dia Internacional da Pessoa com Deficiência. Esta data comemorativa promovida pelas Nações Unidas desde 1998, tem o objectivo de promover uma maior compreensão da deficiência, mobilizar a defesa da dignidade, dos direitos e do bem-estar das pessoas e aumentar a consciência pela integração das pessoas com deficiência na vida política, social, económica e cultural. A inclusão dos cidadãos com deficiência, vem defender o direito de todos os indivíduos a participarem, de uma forma consciente e responsável, na sociedade de que fazem parte, e de serem aceites e respeitados naquilo que os diferencia dos outros. Podemos afirmar que a inclusão é uma das preocupações das sociedades democráticas contemporâneas, garantindo a todos os cidadãos, quaisquer que sejam os critérios que os determinam, todos os benefícios que o desenvolvimento dessa sociedade é capaz de propiciar: acesso à educação, saúde, cultura e a um nível de vida digno, bem como à participação e construção desta. Mas para existir uma sociedade mais inclusiva, as acessibilidades numa cidade são importantes. Como todos nós sabemos, nem sempre assim é e os cidadãos com deficiência muitas vezes são condicionados de exercerem uma cidadania participativa e acederem a uma sociedade civil para todos. Muito mais difícil é o seu acesso a edifícios públicos, tantas vezes com rampas de acesso, mas depois sem casas de banho adaptadas no seu interior. Outras vezes com as mesmas rampas de acesso, mas sem rebaixamento dos passeios, junto às passadeiras, para permitir o acesso. Nas Caldas da Rainha temos um exemplo bem prático, que tem passado despercebido ao longo dos anos, para os menos atentos, mas certamente bem presente para quem se desloque numa cadeira de rodas. Tanto a Câmara Municipal, como o Tribunal, como a Igreja, têm rampas de acesso para o interior. Perfeito e exemplo de boa prática ao nível de acessibilidade, mas o que esquecemos é que para aceder a qualquer destas estruturas, não existe nenhum passeio rebaixado junto às passadeiras. Passeios esses que para além de uma altura excessiva nalguns casos, ainda têm uma valeta para escoamento de águas! Concluímos então que as estruturas que parecem acessíveis nada mais são do que três “ilhas” intransponíveis que só com a boa vontade alheia permitem um cidadão com deficiência ter igualdade de acesso. Eu próprio sentei-me numa cadeira de rodas e experienciei esta aventura! Deviam nossos autarcas, engenheiros e arquitectos experimentar tal sensação… certamente menos erros eram cometidos. Esperemos que as obras de regeneração urbana previstas para esta zona, à semelhança do que já ocorreu noutros pontos da cidade, tragam melhores acessibilidades para os cidadãos com deficiência. E que estas questões da inclusão e das acessibilidades sejam preocupações diárias e não apenas lembradas neste dia 3, porque os cidadãos com deficiência não são diminuídos pela sua condição, mas iguais em direitos e deveres!
 
Miguel Miguel
 
In Jornal das Caldas, 11 de dezembro de 2013

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