sexta-feira, 3 de abril de 2015

Incluir o Autismo!


"O facto de que os autistas não nos escutem é o que faz com que não os escutemos.Mas, enfim, sem dúvida há algo para dizer-lhes."
                                                                                    Jacques Lacan, Conferência de Genebra


Mais que uma forma particular de se situar no mundo, o autismo é uma forma de se construir uma realidade para si mesmo. E quantos de nós não temos um pouco de autistas...

O autismo é reconhecido pelos sintomas que impedem ou dificultam seriamente o processo de entrada na linguagem para uma criança, a comunicação e o laço social. As estereotipias, as ecolalias, a ausência de linguagem, os solilóquios, a auto agressividade, a insensibilidade à dor ou a falta de sensação de perigo, podem ser alguns dos sintomas que mostram o isolamento da criança ou do adulto em relação ao mundo que o rodeia e sua tendência a encontra-se a si mesmo, apenas.

Muitas investigações têm sido feitas para determinar as causas do autismo e muitas têm revelado hipóteses fisiológicas, nomeadamente, afecção em áreas do cérebro, disfunções genéticas, consequências dos metais pesados no interior do organismo, intolerâncias alimentares assintomáticas, contundo, nenhuma destas causas são determinantes nem conclusivas.

Os sintomas podem ser muitos e variados, e por isso o mais correcto é falarmos em Perturbações do Espectro do Autismo ou Perturbações do Espectro Autista (PEA) e não apenas em autismo, designação simplista da série de perturbações do desenvolvimento da criança caracterizadas por um conjunto de sintomas. Desses sintomas pode-se salientar:
  • Isolamento do mundo exterior e recusa do contacto com os outros;
  • Alterações da linguagem que podem ir desde uma ausência total da fala até um discurso ininteligível. Em algumas ocasiões, repetição de fragmentos de frases retiradas de filmes ou que foram escutadas de alguém, estabelecendo verdadeiros solilóquios;
  • Discurso que não se dirige a ninguém, que não é usado nem para comunicar nem para estabelecer um diálogo mínimo;
  • Ausência de interacção com os outros;
  • Ausência de jogo simbólico;
  • Estereotipias;
  • Rituais;
  • Temor das mudanças e insistência em manter uma imobilidade naquilo que o rodeia.
Como referi anteriormente, estes sinais e sintomas podem ser os mais comuns e dentro destes, cada autista assume diferentes graus e características e por isso muitas vezes o diagnóstico inicial é subvalorizado e as alterações tão difíceis de compreender... 

Ontem, dia 2 de Abril comemorou-se o Dia Mundial da Consciencialização do Autismo, mas no próximo dia 12 de Abril, na Foz do Arelho, poderá percorrer o 5º Caminho Azul, uma forma de consciencializar para as perturbações do Espectro do Autismo. Basta comparecer junto ao quiosque azul, pelas 10:30, com uma camisola azul. O evento é gratuito e faz bem a todos os níveis! 
Nada como compreender os outros, destruindo diferenças, incluindo, sempre incluindo!


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