domingo, 21 de fevereiro de 2016

Linha do (Far)Oeste...

Muito se tem dito e afirmado sobre a linha do Oeste. Antigos autarcas, autarcas actuais, todos têm proferido serem os salvadores da linha do Oeste. O Dr. Fernando Costa, rosto de uma auto-intitulada luta, sempre defendeu uma aposta nesta linha férrea, afirmando sempre que graças a ele havia desenvolvimentos, mas os desenvolvimentos têm sido pouco desenvolvidos e nem no governo da sua cor política conseguiu seus intentos, "defender a população do Oeste" como gosta de dizer muitas vezes.
Não lhe nego esse esforço, tal como o PSD local que muito tem afirmado decisões que nunca mais ficam decididas. Independentemente para quem vai esse feito, é agora num governo socialista que se decide apostar na linha do Oeste, ou pelo menos em parte.
Parece que até 2020 a linha será eletrificada (de Meleças até às Caldas), ficando a restante linha, de Caldas para norte como está. A decisão é excelente, mas fica pela metade das intenções. Passaremos a ter duas realidades e se hoje já os comboios fazem de Caldas da Rainha uma grande paragem, muitas vezes com transbordos entre comboios e com diferenças horárias entre os mesmos, quando existir a linha eletrificada até às Caldas da Rainha, certamente essa diferença será bem maior. Teremos de Lisboa às Caldas, viagens mais rápidas e com mais conforto em comboios elétricos e quem quiser seguir até Coimbra, terá de passar para comboios a diesel que dificilmente serão diferentes dos actuais e a linha, essa pouco mudará. Será uma linha a dois ritmos, a duas realidades.
Também os comboios de carga podem ter aqui constrangimentos. Ou mantém-se as máquinas actuais a diesel a fazer o pouoc trabalho nesta linha (transporte de rações) ou então em Caldas faz-se a troca do diesel para o electrico, contudo não me parece viável.
Outra realidade é que a linha continuará a ser única sem duplicação de via, o que concordo plenamente. Seria um absurdo ter uma via dupla numa linha como a do Oeste. Exigir isso seria uma megalomania. A linha do Sul entre Lisboa e Faro também só tem uma via e nela circulam comboios regionais, interregionais, intercidades e alfapendulares, para não falar no transporte de carga. Uma boa gestão da linha permite um tráfego elevado de comboios apenas com uma linha. E tendo em conta o elevado tráfego da linha do Sul e a sua adequação apenas com uma linha, seria absurdo exigir dupla circulação numa linha como a do Oeste. Basta que exista uma boa coordenação da circulação na linha e ela será suficiente.
Mas de facto a eletrificação apenas até Caldas é um factor menos positivo que pode conduzir ao abandono total da linha a norte de Caldas da Rainha, ao invés de se apostar na sua ligação à linha do Norte e possível desvio de composições para a linha do Oeste. E sem a linha do Oeste a funcionar a norte das Caldas, também não me parece que a parte eletrificada tenha bom desfecho
É um pequeno passo na resolução de um problema, mas apenas um pequeno passo. Espero é que os defensores da linha do Oeste, bem como quem se auto-intitula de quem faz tudo para resolver este impasse não baixe os braços. Tanto o Oeste como as Caldas precisam de entrar na linha e essa linha querer-se moderna e ajustada a uma região com muita população e com bom poder de compra!


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